segunda-feira, 28 de junho de 2010

Do diário n°6

Talvez sim, talvez eu seja uma mulher fantasma e o mundo real não me atinja. Deve ser por isso que a minha vida está como está. Mas por quê eu sinto essa dor toda? Por que parece que esse caos só acontece comigo?
Realmente, eu nunca quis que o mundo real me atingisse, sempre quis parecer forte, inatingível, e agora perdi toda minha lucidez nisso, agora me sinto fraca.
Me digam se isso é com todo mundo, se sou eu que tenho problemas mentais, se isso é surreal. Eu estou cansada de tantas coisas assim, eu quero enfim crescer, eu quero começar a minha vida de cinema de verdade, já cansei desse ''ensaio'' frustante.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O buraco negro

Chega a ser irracional, de tão racional que o é, mas é real e eu percebo isso quando eu respiro. Não é uma metáfora, eu sinto mesmo um vácuo dentro do tórax, assim perto dos pulmões como se fosse um abismo. São mil e um motivos e ao mesmo tempo nenhum, mas eu acho que só não quero admitir que não há mil motivos, muito menos nenhum, mas que há um, apenas um e as derivações dele, o que assim acaba por multiplicar o motivo por três. Eu só queria saber o quê. E eu só queria paz. E eu só queria parar de me jogar nessa dama de ferro assim sem pensar. E eu só não queria tirar a paz de vocês. E eu só queria que o mundo parasse de rodar, ou que rodasse devagarinho, porque assim eu fico tonta. Eu só queria poder me recostar no cantinho da parede e respirar... sozinha... até isso passar... por favor...

Do diário n°5

Nem ia sair de casa, não tinha a mínima disposição, mas se arrumou e colocou a melhor roupa. Enquanto colocava perfume, imaginou ele lá, como na festa do dia 1° de dezembro. Costumava lembrar disso de vez em quando. 
Quando saiu, nem o viu de cara, mas já na madrugada, viu aquele sorriso sutil, aquele copo de uísque, que ainda não a avistara. Bateu tão forte o coração, lembrou de todas as emoções de uma vez só e não sabia se o cumprimentava, ou não.
''Nunca deixei de fazer nada que eu quis'', pensou. Mas também dizia-se que essa coragem instantânea era efeito da 6ª caipirinha da noite. 
Foi. Conversou. Riu. E pode parecer uma coisa exagerada de se dizer, mas parecia que se jogava em uma moita de espinhos, onde a carne cortava com os arrepios tristes de raiva, por nunca ter sido negada. Então se beijaram. Houve um beijo e ela foi embora.
''Bem, você sabe, teria sido bom se a gente tivesse namorado. Muito bom...'' Não aguentava e sabia que havia sido uma boba pensando que ele iria voltar como eram há 3 meses e iriam ficar juntos. Chegou em casa, tirou o salto e o olho delineado encheu-se de lágrimas. 
A história inventada por ela mesma, a falsa paixão, finalmente tinha um último beijo, um ponto final.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Do diário n°4

A parte ruim de estar sozinho é não ter ninguém para te abraçar quando está frio, ninguém para te segurar quando você está com sono. Em quem está o problema de que eu não consigo gostar como talvez eu já tenha gostado antes? 
Deixa isso tudo para lá, eu não tenho o mínimo desespero. Só quero me livrar da confusão da coleção que eu ando fazendo, nada mais. Eu sei que ainda estou para conhecer a pessoa que eu irei gostar para sempre, não vou jogar fora a minha liberdade apenas com o intuito de me aquecer. Ficar com alguém agora, iria acabar com meu futuro, e quando eu digo futuro, me refiro à chance de conhecê-lo.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Do diário n°2

E esse enfim deve ser o porquê pelo qual devo ser só eu e esquecer o resto. Aqui jaz parentes, amigos e ex-namorados. E futuros também. Somos só eu e eu mesma viajando, para construir mapas para chegar a destinos não predestinados.
Apenas persisto em enxergar algo melhor. É mais possível ser feliz sozinha, do que com essa bagagem imensa que seguiu conosco até pouco tempo... Dói, mas a dor nos acompanha na causa, consequência e na finalidade, e sentir dor não é tão ruim. É por causa da existência da dor que podemos perceber a existência das coisas boas. 
Pois bem, acho que já era mais que perceptível meu desejo de ser assim, até porquê eu acho mais correto, menos infeliz, dar importância apenas para mim mesma. As outras coisas/pessoas nunca irá me acompanhar o tempo inteiro. Mas eu vou.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Os amantes mal-amados

Eram um caso sério. Eram como ferida um na vida do outro e não saravam nunca. Eram feito aqueles casais de novela que sempre tinham alguma coisa para atrapalhar e fazer dar errado. Eram tão parecidos que não pareciam em nada. Em vidas passadas eu poderia dizer que enquanto ele era um samurai, ela era uma índia.
E nem gostavam das coisas um do outro. Para ele, ela era diferente demais de tudo que ele queria, as características físicas, e vice-versa.  E o pior é que diante de tanta confusão, eles nem ao menos se completavam. E seus corpos só se entrelaçaram em trégua por paz e mordidas uma vez. E não, não foi numa noite estrelada dentro de uma banheira com pétalas de rosa, vinho e música boa. Foi só o calor dos corpos ao meio-dia. 
Nunca se deram ao luxo de tentar ficar juntos. Dava para perceber que não dava nem para pensar em pensar em tentar, que a vida, pá, criava problemas para ambos. Nunca se deram ao luxo de falar em sentimento. De dizerem que se amaram ou de dizerem que se amavam. Se bem que eu não vejo diferença entre dizerem que se amaram ou que se amavam. As duas alternativas estavam mais exclusas desse maior dos envolvimentos. Nunca tiveram uma música juntos.
Era um amor improvável e eu me arriscaria a dizer que eram feitos um para o outro. Quando se olharam nos olhos, provaram um da carne do outro, beberam o beijo um da boca do outro e deixaram como que sem querer isso para lá. A reação de ambos os corpos, pele com pele, era nitidamente diagnosticado como o mais efémero dos amores, mas também como o mais deslumbrante e mais desejado por qualquer ser humano que nesse planeta possua um coração. Mas colocaram no pretérito, na caixa das memórias não usadas. E se esqueceram. E se machucaram mundo afora. E se atormentaram. E vez por outra se pegam pensando um no outro, sem a menor das intenções de se permitirem de novo.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Uma republicação: Perfume, música

Quando o corpo tá quente, eu até gosto do frio que está aqui. Não faz mal, não incomoda, o corpo está quente e assim permanece. Mas se de repente faz frio demais, me envolvo no primeiro agasalho, eu cheiro, eu exalo todos os perfumes ao redor. Pega fogo o pensamento com a vastidão das coisas não pensadas e as também não ditas. E nisso tudo eu nem saí do lugar, literalmente. Estou só aqui recostada nessa parede, esperando para talvez uma hora e meia depois. Uma pausa para constatar o que passa fora daqui, mas isso não importa. Talvez não, até eu te ver passando por essa maldita rua.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Esperando

O problema é que tudo deve me denunciar, desde o olhar de quando converso com você, até as músicas que ando ouvindo, a minha distração fácil. Não é fácil. Eu acho que o seu amigo hoje até percebeu quando eu olhei para você e sorri, logo quando desvio o olhar o vejo rindo com um olhar de "eu percebi" como se dissesse isso para você. Juro que meu coração logo parou ali. O que não me denuncia, me condena a gostar. O que não me condena, me distrai. O que não me distrai, me deixa caótica com um turbilhão de coisas em mente. E o que não me faz isso tudo, me deixa em horas livres transcrevendo esse sentimento coitado, e eu até ando gostando desse gostar de você, apesar de não gostar de gostar de alguém. Oh, droga, eu não quero gostar de você.
Eu acredito que é claro que você já saiba disso tudo, é impossível não escutar nitidamente a orquestra sinfônica dentro do meu peito e os olhos como diamantes. A pele cora, querido. O mais divertido é  quando você beija a minha bochecha, sempre tem aquela confusão de os dois irem para o mesmo lado ao mesmo tempo, porque depois fica aquela coisa de timidez e quando isso aconteceu hoje, eu até tentei segurar tua mão, mas boa viagem querido, irei esperar você voltar.