quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O prelúdio por Elisa

Eu deixo a mente ficar confusa em meio a zebras e borboletas e arco-íris e fogo e realidade. Eu deixo meus sonhos se desfazerem de mim enquanto eu mesma me desfaço deles e planto outros em um lugar onde eles não precisam se desfazerem. Eu me delicio com a queda e a tapa e a dor e o amor e o prazer que escorre pela garganta em direção ao peito, o lar. E se houver deus, e se houver vidas passadas, eu não lembro a qual escola literária eu pertenci. Fora de mim eu nunca tive outro lugar para o qual eu pudesse ir, porque tudo sempre cresceu aqui dentro: a cama branca, o quarto iluminado, o dálmata, a banheira, o arroz.
Hoje eu acordei sem fazer ideia de quem eu era, sem saber o que eu queria, havia esquecido o que eu havia pensado ontem e fiquei com medo de que isso tudo parecesse clichê ou texto desses autores clichê Fiquei com medo que as filosofias dos meus favoritos tomassem conta de mim. Eu não quero uma filosofia igual a de todo mundo ou de ao menos uma pessoa no mundo, pois eu não quero ser comparada, por mais que seja inevitável.
Eu não sou mulher fantasma, eu sou criança, eu sou essa vadia, eu sou narciso e begônias e maria-sem-vergonha.