segunda-feira, 25 de abril de 2011

A tristeza VI

E naquela madrugada você me acordou e perguntou se eu era tua, tu disse que tu era meu, mas tu já sabia onde isso ia chegar - lugar nenhum. E parece que eu nunca fui tua, que nunca pude ser, que nunca pude nem oferecer o que tu precisava, mas mesmo que eu pudesse, talvez eu nunca fosse capaz, nunca soubesse como te pertencer. E ainda não sei. Ainda não sei como é estar contigo. Parece que nunca passei segundo nenhum contigo. Parece que tu é apenas uma ideia, como o meu gato imaginário Platão ou como os bebês que eu sonho toda noite. Parece que eu não consigo mais trocar uma palavra que seja contigo e por isso, parece que o meu amor fica bem mais confortável enquanto eu desejo coisas e penso e entristeço antes de dormir. Você não é amor como nas histórias que se vê nos livros e na tevê, é tão diferente, parece ser tão imutável, tão racional e anti-romântico - perto de todos aqueles heróis apaixonados. Talvez não seja porque você não seja um herói, mas só não é apaixonado. O maior de todos os não-apaixonados. Que ridícula essa merda que eu escrevi.

sábado, 23 de abril de 2011

A tristeza V (esses versos)

Já não vivo mais eu o presente
já não vivo mais eu e o presente
já não vivo
pois enquanto vivo,
vivo de recordar o passado
e isso, disseram-me, não é viver

(Também enquanto vivo
fico esperando o futuro repetir o passado
- de um modo demasiadamente melhorado)

E é por isso que já não vivo
pois me nego ao presente
e dele enxergo apenas a dor que desatina
enquanto nego a minha existência
através desses versos pobres.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A tristeza IV

Parece que vai ser preciso para eu conseguir aliviar ter que colocar em palavras o que dói de novo, mas que sorte eu teria se soubesse onde dói e o porquê. Eu nem sei mais o que se faz, eu nem sei mais que palavras escrever, mas isso não passa de um diário online fodido onde eu digo grande parte das coisas que eu te digo e as que eu não digo também - você lê? Se lê, tenta entender, porque eu acho que nunca conheci alguém tão ruim de entender direitinho como tu. Tu entende muita coisa, mas quando não entende é difícil de começar a entender. Amor tão sem paciência que às vezes eu me pergunto se essa dor está certa de me doer. Dor, dor, dor, é só o que eu falo toda hora, que penso toda hora, que sinto sem pausar. Que grande droga esse feriado dolorosamente idiota e sozinho acompanhado de soul. Eu te amo, eu só te amo, eu ainda te amo.

domingo, 10 de abril de 2011

A tristeza III (e um pouco de frustração)

Não é só você, mas você está em tudo. Não é só isso, mas você está nisso tudo. Eu não tenho inspiração e sim, esse é mais um escrito idiota com a mesma temática de outras falas minhas pelas quais você já me deu inúmeras broncas. Mas isso nunca é comodismo. Quem se conforma não chora. Quem se conforma não quer ver mudar. Quem se conforma está bem. Eu não. E, droga!, chorar não significa que eu não esteja fazendo nada para mudar tudo isso. Mas ok, você já se foi. Eu e você já não temos mais nada e provavelmente nem nos falaremos mais. Eu estou sozinha com muitas pessoas ao meu redor. E um imenso formigamento no peito. E um imenso nervosismo. E um inexplicável desespero. E uma terrível percepção de que isso não vai mudar tão cedo. Então minha dor não é só isso. Então, que diferença isso faz? Que diferença faz agora ou ano que vem? Não, eu não sei mais no que estou pensando.
Mas eu não sei explicar a minha dor. Acordes de guitarra desarranjados tocam enquanto a minha percepção se esvai. Eu não tenho para onde ir. Eu preciso me acalmar.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A tristeza II

E vou viver agora só de saudades
Viver de tristeza e formigamento no peito
Como uma andorinha viúva
Porque é só o que me resta: Restar.

E eu mal lembro seu rosto mais
E o meu sorriso contigo mais
Ou qualquer sorriso meu
Ou como era o beijo do meu nariz com o olho teu
Parece que o choro molhou nossas fotografias...

E não me escapa um dia
em que eu não queira ter morrido no lugar de desconhecidos que já tiveram morrido
Ou sem que eu molhe esses meus olhos molhados
Porque parece que a tristeza nunca durou tanto na minha vida
E nunca aparentou tanto que vai permanecer por tempo indeterminado...

terça-feira, 5 de abril de 2011

A tristeza

Queria um remédio para essa tristeza que eu não sei mais lidar
e não é exagero
A tristeza por si só é uma coisa exagerada
Exageradamente má, eu digo
Exageradamente inconveniente no peito, eu digo
Exagerada, exagerada, exagerada.

Eu não sei o que é tristeza
Mas acho que tristeza é aquela fraqueza que dá no corpo cansado de um dia inútil segundos antes de dormir
Ou aquela frieza de um corpo morto que nunca amou
Ou é o canto de um passarinho preso, que canta para aliviar a dor, para aliviar a dor...
Ou é o canto da parede que você chorava encostado quando roubavam teu brinquedo
Ou é só o que você sente
e pronto e ponto

Quisera eu um remédio para essa tristeza que eu não sei mais lidar
Que me faz desaprender a ser gente.