terça-feira, 19 de maio de 2015

LAPSO

Eu poderia jurar que aquele pedaço de papel pesava mais do que realmente deveria.

E no meu caminho, a bolsa pendia com aquele peso, a aflição de compreender o que realmente estava escrito ali, porque até então eu só tinha passado os olhos por aquelas palavras.

Pela cidade, eu conseguia enxergar os cartazes de "Procurado" colados nos postes - nestes não havia minha foto, sequer meu nome ou alguma descrição das minhas características físicas, mas eu sabia que era eu.

É por isso que o papel pesava, eu estava ali.

Percebi que a minha respiração estava diferente, eu ponderava o futuro, como eu deveria lidar com aquilo.

Li e reli algumas vezes.

Até que percebi.

O telefone tocou. Era engano.

E tudo voltou ao estado normal.