Eu poderia jurar que aquele pedaço de papel pesava mais do que realmente deveria.
E no meu caminho, a bolsa pendia com aquele peso, a aflição de compreender o que realmente estava escrito ali, porque até então eu só tinha passado os olhos por aquelas palavras.
Pela cidade, eu conseguia enxergar os cartazes de "Procurado" colados nos postes - nestes não havia minha foto, sequer meu nome ou alguma descrição das minhas características físicas, mas eu sabia que era eu.
É por isso que o papel pesava, eu estava ali.
Percebi que a minha respiração estava diferente, eu ponderava o futuro, como eu deveria lidar com aquilo.
Li e reli algumas vezes.
Até que percebi.
O telefone tocou. Era engano.
E tudo voltou ao estado normal.