Quando o mês de dezembro chegava meus olhos se fixavam na
varanda - era tempo em que a cidade inteira começava a montar na rua as
barracas de quermesse e o tão brilhante parque de diversões. Ouvia o tilintar
dos martelos nos metais que soavam com a beleza de uma música atonal.
Dezembro sempre significava muita coisa. O fim de um ano
ruim. A possibilidade de um futuro bom no ano que seguia. A ansiedade por
janeiro, mês do meu aniversário, o sonho de presentes, a esperança de que a
família magicamente mudasse para sempre e não brigassem nunca mais.
As outras crianças brincavam lá embaixo, corriam juntas,
soltas. Mas eu corria para a varanda para ver e ouvir de cima e sozinha aquele
sonho de metal que se colocava de pé na minha rua. Brinquedos enferrujados,
velhos, coloridos, bonitos, mágicos, como meus sonhos.
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