quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O céu

Enquanto o dia nascia e o sol se colocava como visível no horizonte, ainda pequena, contava nos dedos e no calendário da cabeça que lua seria, mas consigo mesma pensava que era besteira acordar pensando na lua, já que da noite ainda estava longe. Então se levantava e ao mesmo tempo que escovava os dentes, olhava para a madrugada que ia embora.
Mas os dias eram sempre tão bobos, tão normais, meio infelizes, às vezes tão sem nenhum propósito, e ela sabia que não era uma pessoa que vive, mas sim uma pessoa que só vive e nada mais. E a vida não é assim, ela precisa do canto dos pássaros,  do sussuro das folhas dançantes pelas árvores ou dos estalos da areia quente e latejante que contrasta úmida quando beira o mar.
Ao decorrer do mesmo dia, ora fazia sol, ora chovia, não entendia e sem perceber que o dia acabava, mas vendo o sol cair por trás de sua casa, a lua chegava na varanda e seus sonhos deitavam no chão, observando aquelas estrelas sem saber o nome daquelas constelações.
E ao mesmo tempo que o céu inteiro passava por sua cabeça e a lua minguante sorria, a menina pensava e dava bronca em si mesma:
- Calma, calma, calma, tu és menina, mas não se esqueça de que o tempo também passa.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

As ordens

Encontre-me.
Eu estou entre beijos e devaneios, no lugar que você sorri para mim. Onde você diz aquelas coisas bobas depois daquelas coisas sérias e aquelas outras românticas (e eu fico aqui querendo dizer aquelas outras coisas também).
Daí viaja comigo.
Não me deixe passar tanto tempo assim com o pé no chão, porque eu levo a bagagem no peito para caber mais de você e voar segura. Botar o que importa no peito me faz feliz e me faz bem.
Então coloca teu rosto ao lado do meu e me deixa encostar o nariz no teu olho, me deixa fazer do que eu sinto eterno, externo, terno, interno, intenso e extenso.
Depois me faz feliz. Ou faz agora e vem ser comigo, porque as pessoas subestimam demais a felicidade, o amor e todos os outros sentimentos do mundo sem saber que é tudo tão diferente de tudo e de quase todas as coisas.
E por último, não observe que o texto não tem fim e nem sentido algum.

sábado, 8 de janeiro de 2011

A medida

Algumas pessoas dizem que eu não existo de verdade, que eu não vivo no mesmo mundo que todo mundo, que eu sonho demais, que eu sou idealista demais. Outros dizem que "É bonitinha, só é meio esquisita" enquanto alguns dizem "Na escola onde você aprendeu a ser grossa assim, eu não quero estudar" ou "Você não parece ter a idade que tem" ou "Eu te amo por quem você pode ser". E meu pai diz "Você é a única em quem eu ponho esperança" e é pesado para mim, mas a minha mãe, bem... eu nem sei como ela se sente em relação a mim, provavelmente  "Você emagreceu" ou "Cala a boca" ou "Tu não vê que a situação tá ruim? Olha as contas para pagar", mas depois um "Eu te amo, perdão pelo que eu disse". Mas é só porque eu ainda não achei o lugar  a que minha alma pertence.