quarta-feira, 30 de novembro de 2016

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I met you and my eyes met your entire body in two seconds. Can you believe that? I don't know if it changes anything, but I have autism. And I have never been more interested in anything such as you. I mean, is it normal to be SO interested like this?
You looked like the most shining object in the room. I like shining. I seek out shiny things. So of course I'd be attracted to you. I mean, man, look at your jet black hair. It shines. Why does it shine so much? What do you do with your hair? Just like that I spent all night looking at your hair and the different shades in different lights and its different shines.  I couldn't even speak. Your hair was too much to see, too much to play, too much to unravel. So what did you say? Yeah, sure, send me a message with the title, it must be an interesting podcast to listen to. Thanks for the tip. Maybe I should keep asking questions just to not be creepy for the fact that I'm still looking at your hair. Of course your answers mattered, but, you know, they didn't really mattered. I'd fall in love with you either way.  

I couldn't keep my hands out of your hair. 
I can still smell your hair.
Has anyone ever loved your hair as much as I do?

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Gravidade

Tão rápido as paredes e o chão se tornam notáveis
Cada cômodo cresce na minha percepção
E o mundo se resume a formas geométricas

Mas não é só isso

Áudio e vídeo perdem som e cor
Doces perdem seus açúcares
O dormir é desprovido de sonhos

Eu costumo dizer que a depressão é uma força gravitacional
Que faz pesar as pálpebras
Pressiona cada osso do meu corpo
E abraça meu coração tão forte que dói

E como força gravitacional,
Está no planeta inteiro
Envolve tudo
Comanda tudo.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Estado

Aquela caixa está vazia
Aquela porta, fechada
Aquela casa, inabitável
Aquela pessoa, incapaz
Aquele coração, frio
Aquela respiração, cansada
Aqui dentro, nada.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Amorfo


Olhava para a folha em branco e de lá nada saia. Nenhuma história surgia nas pontas dos dedos do escritor e sua cabeça nada mais era do que um limbo branco e vazio, onde ele vagava pela dor de precisar e não conseguir escrever.

O bloqueio criativo o deixava deprimido, desde criança seus pais e professores o rotularam como escritor e o disseram que era a única coisa que ele conseguia fazer direito. Lembrava da noite passada, de quando seu pai o telefonou e o falou sobre a sua mente brilhante e o universo único que habitava em sua cabeça. “Por que você não escreve outro livro?”, o pai do escritor disse, e depois de horas e muito café a página ainda estava em branco.

O universo único de que seu pai lhe falara parecia ter sumido completamente e tudo que conseguia enxergar era um prédio que via pela janela e que ainda estava em construção. Imaginava o prédio anos à frente, ainda inacabado e habitado por pessoas que não tinham abrigo. Tentava imaginar a vida das pessoas lá, mas não conseguia imaginar o nome de nenhuma delas, nem seus rostos, nem suas cores. Pessoas sem face habitando um prédio velho que nunca fora acabado.

Depois que as pessoas sem face se estabeleceram no prédio inacabado, começaram a surgir grupos rivais, surgiam pessoas que se ajudavam, surgia sexo sem amor e crianças sem face que nasciam de noites de bebida e irresponsabilidade. “Talvez elas não tenham face porque o prédio não tem face”, pensou consigo mesmo e percebeu que o universo de que seu pai lhe falara nunca fora embora – sem nomes, sem rostos, inacabado, mas vívido com suas histórias de dor.

Eis que descubro, então, que durante o tempo todo o escritor sou eu.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Sobre a primeira morte que chorei

Ainda são poucas as palavras que consigo escrever sobre a morte de David Bowie, mas é fato que nenhuma morte até hoje me desestabilizou tanto quanto a sua.
Como não sou critica musical, pouco posso falar sobre a sua trajetória na área além do que já foi escrito e destrinchado pela internet no dia de hoje.

Mas se me permitem o espaço para falar o que sinto, o que sinto é que Bowie é parte de mim.
Bowie me ensinou a gostar de mim mesma. De cada pedacinho, de cada esquisitice. Bowie me ensinou a ser quem eu quero, a fazer o que eu quero, porque esse é o caminho da felicidade para os espíritos livres. Bowie me fez sentir compreendida, me fez compreender que não estou sozinha. Acredito que muitos de nós já sentiram que mesmo sem nenhum contato, Bowie nos conhecia. Bowie me fez sentir parte do cosmos. Bowie me fez feliz. Bowie me ensinou coisas sobre o amor também. Bowie me inspirou.