sábado, 7 de março de 2015

DEZEMBRO

Quando o mês de dezembro chegava meus olhos se fixavam na varanda - era tempo em que a cidade inteira começava a montar na rua as barracas de quermesse e o tão brilhante parque de diversões. Ouvia o tilintar dos martelos nos metais que soavam com a beleza de uma música atonal.

Dezembro sempre significava muita coisa. O fim de um ano ruim. A possibilidade de um futuro bom no ano que seguia. A ansiedade por janeiro, mês do meu aniversário, o sonho de presentes, a esperança de que a família magicamente mudasse para sempre e não brigassem nunca mais.

As outras crianças brincavam lá embaixo, corriam juntas, soltas. Mas eu corria para a varanda para ver e ouvir de cima e sozinha aquele sonho de metal que se colocava de pé na minha rua. Brinquedos enferrujados, velhos, coloridos, bonitos, mágicos, como meus sonhos.

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