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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O estraçalhar

É que se ama amar, é que se ama tudo que há no amor. Se ama amar pensando que não vai ser estraçalhado, mas se ama ser estraçalhado, é disso que mais se ama no amor.
Só se ama o amor se o sentimento for louco, for intenso, pois caso não seja, se passa despercebido, nem se ama, nem se joga, nem se surpreende, nem se sente, logo, nem existe.
E quem ama amar e já amou muitas vezes, sabe como é incrível esse ciclo "amar, doer, amar de novo", e que ciclo perfeito é esse, o amor.

domingo, 26 de dezembro de 2010

A reação

Se você não vier me ver, eu vou me desapaixonar. E se você não fizer planos comigo, eu vou fazer meus planos com você de fora. E se você não me surpreender, vai parecer que você nem está aqui. Se você não se importar, eu também não vou lembrar de ti. Se você quiser, você pode tentar me fazer ficar, ou ir comigo, mas eu não vou mais te chamar. Já te chamei demais e você não veio. Esse é o seu único defeito.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O sol

Sempre que você acorda, eu sei que você nasce acima do mar, e eu me sinto torturada, porque eu sei que você nasce pertinho de onde meu amor vive. Assim que você dorme, você tinge de laranja o meu restinho de céu azul, me chama para dormir longe de quem eu quero ficar.
Se qualquer dia desses eu sair correndo pelos campos, prédios, estradas e eu for acusada de louca, eu juro que a culpa não é só minha, é desse Sol me provocando me indicando para onde ele está.
E das soluções que vejo para ter de volta a minha lucidez, eu só penso em ir morar na praia também...


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O prelúdio por Elisa

Eu deixo a mente ficar confusa em meio a zebras e borboletas e arco-íris e fogo e realidade. Eu deixo meus sonhos se desfazerem de mim enquanto eu mesma me desfaço deles e planto outros em um lugar onde eles não precisam se desfazerem. Eu me delicio com a queda e a tapa e a dor e o amor e o prazer que escorre pela garganta em direção ao peito, o lar. E se houver deus, e se houver vidas passadas, eu não lembro a qual escola literária eu pertenci. Fora de mim eu nunca tive outro lugar para o qual eu pudesse ir, porque tudo sempre cresceu aqui dentro: a cama branca, o quarto iluminado, o dálmata, a banheira, o arroz.
Hoje eu acordei sem fazer ideia de quem eu era, sem saber o que eu queria, havia esquecido o que eu havia pensado ontem e fiquei com medo de que isso tudo parecesse clichê ou texto desses autores clichê Fiquei com medo que as filosofias dos meus favoritos tomassem conta de mim. Eu não quero uma filosofia igual a de todo mundo ou de ao menos uma pessoa no mundo, pois eu não quero ser comparada, por mais que seja inevitável.
Eu não sou mulher fantasma, eu sou criança, eu sou essa vadia, eu sou narciso e begônias e maria-sem-vergonha.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Os amantes mal-amados

Eram um caso sério. Eram como ferida um na vida do outro e não saravam nunca. Eram feito aqueles casais de novela que sempre tinham alguma coisa para atrapalhar e fazer dar errado. Eram tão parecidos que não pareciam em nada. Em vidas passadas eu poderia dizer que enquanto ele era um samurai, ela era uma índia.
E nem gostavam das coisas um do outro. Para ele, ela era diferente demais de tudo que ele queria, as características físicas, e vice-versa.  E o pior é que diante de tanta confusão, eles nem ao menos se completavam. E seus corpos só se entrelaçaram em trégua por paz e mordidas uma vez. E não, não foi numa noite estrelada dentro de uma banheira com pétalas de rosa, vinho e música boa. Foi só o calor dos corpos ao meio-dia. 
Nunca se deram ao luxo de tentar ficar juntos. Dava para perceber que não dava nem para pensar em pensar em tentar, que a vida, pá, criava problemas para ambos. Nunca se deram ao luxo de falar em sentimento. De dizerem que se amaram ou de dizerem que se amavam. Se bem que eu não vejo diferença entre dizerem que se amaram ou que se amavam. As duas alternativas estavam mais exclusas desse maior dos envolvimentos. Nunca tiveram uma música juntos.
Era um amor improvável e eu me arriscaria a dizer que eram feitos um para o outro. Quando se olharam nos olhos, provaram um da carne do outro, beberam o beijo um da boca do outro e deixaram como que sem querer isso para lá. A reação de ambos os corpos, pele com pele, era nitidamente diagnosticado como o mais efémero dos amores, mas também como o mais deslumbrante e mais desejado por qualquer ser humano que nesse planeta possua um coração. Mas colocaram no pretérito, na caixa das memórias não usadas. E se esqueceram. E se machucaram mundo afora. E se atormentaram. E vez por outra se pegam pensando um no outro, sem a menor das intenções de se permitirem de novo.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Uma republicação: Perfume, música

Quando o corpo tá quente, eu até gosto do frio que está aqui. Não faz mal, não incomoda, o corpo está quente e assim permanece. Mas se de repente faz frio demais, me envolvo no primeiro agasalho, eu cheiro, eu exalo todos os perfumes ao redor. Pega fogo o pensamento com a vastidão das coisas não pensadas e as também não ditas. E nisso tudo eu nem saí do lugar, literalmente. Estou só aqui recostada nessa parede, esperando para talvez uma hora e meia depois. Uma pausa para constatar o que passa fora daqui, mas isso não importa. Talvez não, até eu te ver passando por essa maldita rua.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Esperando

O problema é que tudo deve me denunciar, desde o olhar de quando converso com você, até as músicas que ando ouvindo, a minha distração fácil. Não é fácil. Eu acho que o seu amigo hoje até percebeu quando eu olhei para você e sorri, logo quando desvio o olhar o vejo rindo com um olhar de "eu percebi" como se dissesse isso para você. Juro que meu coração logo parou ali. O que não me denuncia, me condena a gostar. O que não me condena, me distrai. O que não me distrai, me deixa caótica com um turbilhão de coisas em mente. E o que não me faz isso tudo, me deixa em horas livres transcrevendo esse sentimento coitado, e eu até ando gostando desse gostar de você, apesar de não gostar de gostar de alguém. Oh, droga, eu não quero gostar de você.
Eu acredito que é claro que você já saiba disso tudo, é impossível não escutar nitidamente a orquestra sinfônica dentro do meu peito e os olhos como diamantes. A pele cora, querido. O mais divertido é  quando você beija a minha bochecha, sempre tem aquela confusão de os dois irem para o mesmo lado ao mesmo tempo, porque depois fica aquela coisa de timidez e quando isso aconteceu hoje, eu até tentei segurar tua mão, mas boa viagem querido, irei esperar você voltar.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Fica

Vou pedir pra você ficar aqui e pra ver se dessa vez você fica de vez. Vou pedir pra você me mostrar os cenários mais bonitos dessa cidade que não tem cartão-postal. Vou pedir pra você abrir um sorriso e estender no varal. Vou pedir pra você trazer aquela velha foto do pré-escolar. Vou pedir pra quando acordar fazer aquela cara de quem não queria ir pro trabalho hoje e me abraçar. Com sua boca cheia de dentes... com sua vida farta dos meus caprichos... com seu mau hálito matinal. Vou pedir pra me chamar na varanda, quando a noite dessa cidade não se der pra ver a lua, tampouco as estrelas. Vou pedir pra estalar meus dedos, os do pé só de vez em quando. Vou pedir um desenho nas minhas costas. Vou ver se você conta até o infinito. Vou pedir o arroz de leite no jantar. Vou pedir que me conte e recorte, desdenhe e resenhe cada arrepio, cada beijo na carne viva, cada defeito, cada amor-perfeito que eu usar no buquê de flores do meu casamento. Vou pedir pra me ver como sensível e forte, pra você se ver como um homem idiota e sem sorte, por ter achado mulherzinha tão mal-amada que sou eu. Vou pedir pra não me lembrar de todo amor que eu um dia já tive pra dar quando alguém deixou meu coração cafajeste e vagabundo. O que eu já nem lembro mais. Vou te pedir que me leve pra outro país, de mochila nas costas e nada mais. Vou pedir que por favor, amanhã ou depois de amanhã, me ache ou me esbarre para que eu possa te pedir isso tudo e trazer você pra mim que eu ainda nem conheci.