segunda-feira, 31 de outubro de 2011

De ser antes de ser: grande

Comecei a viver cedo demais.
E, com isso, comecei a me arriscar antes de todo mundo.
O universo nunca passará de sorte,
de um grande conjunto de coincidências desornedas,
descontroladas, alheias ao nosso mortal controle.

Não vim ao mundo para desperdiçar minhas palavras e meu amor.
Isso surge no meu peito e não posso ignorá-lo.
E é grande demais para não permiti-lo que seja só porque eu ainda não sou grande.
A vida é a própria sorte.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O ideal

Meu corpo gela, nu,
Enquanto a mão trêmula escreve esses versos.

Escreverei um romance para que assim,
em meu imaginário,
exista alguém que me ame.
Um amor que apesar de viver no mundo das ideias
Não é ideal
Mas que há de dar-me carinho
Poesia e caos
O caos flamenjante das paixões avassaladoras!
E, confesso, este amor não precisa me durar muito
Porém, é inegável que se o mesmo fosse recorrente
muito me agradaria.

Enquanto espero, meu corpo seca;
está quente.
Visto-me, deito-me e esqueço-me de viver.

Peguei-me

Eu, cheia de mim e do que sou
E da minha coleção de amores de quinze minutos
Mas, ah!, se eu pudesse ter-te em minha coleção...
Juro que te colecionaria sempre por mais alguns instantes!

Mas pergunto-me:
Seria amor ou apenas ego?
Pois já fostes brinquedo meu
que nem senti desejo quando tinha.
Agora... me desespero em carícias solitárias!
Enfatuada, espero religiosamente por indícios teus...
E vejo defeitos e tantos defeitos em ti!
Que não entendo porque quero-te agora
E quero-te. Apenas.
Será, pois, porque torturas minha alma,
essa que já não possuo mais...

Tu procrastinas nossos encontros
E devoras-me com teu silêncio.
Por favor, devora-me!
Por que adias tanto?
Será jogo, truque, jeito
de fincar meu coração vadio ao chão?
Peguei-me
dessa vez, presa em teus grilhões.
Ainda estou cheia de mim
Cheia! Abusada!
Pois o que quer que seja que estejas fazendo
meus cumprimentos, está funcionando.

Mas me diz, será?
Será que estás fazendo isto?
Ou estou apenas louca com o meu orgulho?
De que não cais de amores por mim
que não ardes de desejo por minha pele
e não consigo aceitar isso...
O que será?
Será febre de paixão
ou delírios mentais?
Em ambas as hipóteses, estou louca
O que serei?
O que serás...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A desvivência

Repouso meu corpo nas entranhas do tédio
regando o desviver e a disfunção do viver
de respirar profundo
respirar pesado dentro dos suspiros da inércia do ser.

O que seria de mim, afogada,
se não fosse essa inconstância do meu eu lírico
se não fosse a agitação desse peito
que acontece enquanto deito e respiro e observo
Os segundos que sem pressa partem
E os terceiros que fogem de minha retina...

Inerte, meu corpo se torna meu túmulo
onde as mariposas nervosas do desejo procuram
desesperadamente
por um feixe de luz
uma saída.

Enquanto isso, do lado de fora de mim
o vento atravessa as folhas sem fazer algum ruído
Eu observo e respiro:
Toneladas de existência.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

In versos

O amor enquanto apenas ideal
é cinema, é enigma, poema, carícias secretas
desejos, promessas, explanações
Enquanto proibido
é jogos, encontros, elogios
vontades, fugas, esconderijos

Porém, é esdrúxulo quando faz-se permitido
o amor quando fato consumado
quando entregas o teu corpo
a tua alma, as tuas vísceras
sem dó, sem medo
É distante, é fosco
Desconforto, receio, é alheio
É disfuncional, deliciosamente doloroso

E de bom, nos resta apenas o botequim
As rodas de viola e o aroma quente da cama
Fazendo-se segredo novamente
Mas, dessa vez, dentro do peito de cada um
Uma espécie de paixão com gosto de café frio
Paixão medrosa, naturalista
alimentando o fogo da boemia
que reside em nós

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A luz de domingo

Como parecia deliciosa a luz do sol naquele domingo
que intensificava o branco daquele leito
a cor daqueles olhos negros e a cor daquela pele alva
Como parecia delicioso o som daquela risada
daqueles gemidos sussurrados
e daqueles sussurros gritados que diziam
"Faz de mim poesia, me tem"

Em vão, pois não obtinham resposta...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

A aparição da tristeza

Não apareça assim sem mais nem menos
Tristeza
Não faça do meu corpo seu templo
Desapareça
Não transpareça, não seja visível
Em sua grandeza
Porque sou só
Porque só sou