quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O prelúdio por Elisa

Eu deixo a mente ficar confusa em meio a zebras e borboletas e arco-íris e fogo e realidade. Eu deixo meus sonhos se desfazerem de mim enquanto eu mesma me desfaço deles e planto outros em um lugar onde eles não precisam se desfazerem. Eu me delicio com a queda e a tapa e a dor e o amor e o prazer que escorre pela garganta em direção ao peito, o lar. E se houver deus, e se houver vidas passadas, eu não lembro a qual escola literária eu pertenci. Fora de mim eu nunca tive outro lugar para o qual eu pudesse ir, porque tudo sempre cresceu aqui dentro: a cama branca, o quarto iluminado, o dálmata, a banheira, o arroz.
Hoje eu acordei sem fazer ideia de quem eu era, sem saber o que eu queria, havia esquecido o que eu havia pensado ontem e fiquei com medo de que isso tudo parecesse clichê ou texto desses autores clichê Fiquei com medo que as filosofias dos meus favoritos tomassem conta de mim. Eu não quero uma filosofia igual a de todo mundo ou de ao menos uma pessoa no mundo, pois eu não quero ser comparada, por mais que seja inevitável.
Eu não sou mulher fantasma, eu sou criança, eu sou essa vadia, eu sou narciso e begônias e maria-sem-vergonha.

sábado, 10 de julho de 2010

A súplica

Para vocês que já amaram alguém: como é o amor? É bom? Como é gostar de alguém? Como é ter alguém para cantar aquelas músicas românticas? Alguém para discutir? Alguém para voltar? Alguém para segurar? Alguém para cuidar? Alguém para se complicar? Como é estar tão perto de alguém e não se preocupar em se machucar e nem pensar em fugir?
 Por favor grande regente da minha vida, o coração, faça o maldito favor de bater mais forte por alguém confiável, porque eu já desisti de acreditar nessa droga de sentimento faz muito tempo.

terça-feira, 6 de julho de 2010

O amor não irá chegar

Desculpe isso, mas ele não irá vir. Nem amanhã e nem depois de amanhã. Nem para você e nem para mim. Não é que o amor seja uma coisa impossível, não que seja um ruim sentimento, é só que as vezes ele está ocupado demais para você. Eu só olhei cada coisa dessa cidade e vi como é bonito cada coisa, cada hidrante, cada folha, cada carro, cada coisa em que a luz incide. O amor não está chegando, não para o coração. O amor está por aqui mesmo. E é por isso que somos jovens, para passar noites sem dormir.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Do diário n°7

Olhando de longe é fácil, quem olha de fora sempre vê tudo arrumadinho. É como o meu guarda-roupa. Você olha por fora e vê tudo arrumadinho, mas se o abrir, você verá a real bagunça e o amontoado de roupas.
Pois bem, vou deixar de blá blá blá e ir direto ao ponto, digo, direto ao ponto de escrever mais uma bobagem. 
Olha, eu te aviso, não abra a porta do meu guarda-roupa, a não ser que você pretenda arrumá-lo, porque uma vez que você encoste nessa maldita porta, eu já fico boba, sensível, bagunçada, sem nexo. Bem diferente da menina forte que você sempre disse que adorava, que era o que admirava em mim. 
Não digo nada mais, não fujo nada mais, não penso nada mais sobre isso.
E eu sei que é perigoso deixar acontecer, mas é doloroso me prender e cortar as raizes de uma roseira cheia de botões a serem abertos. Vou tentar confiar no que você me disse, de que não queria me perder.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Do diário n°6

Talvez sim, talvez eu seja uma mulher fantasma e o mundo real não me atinja. Deve ser por isso que a minha vida está como está. Mas por quê eu sinto essa dor toda? Por que parece que esse caos só acontece comigo?
Realmente, eu nunca quis que o mundo real me atingisse, sempre quis parecer forte, inatingível, e agora perdi toda minha lucidez nisso, agora me sinto fraca.
Me digam se isso é com todo mundo, se sou eu que tenho problemas mentais, se isso é surreal. Eu estou cansada de tantas coisas assim, eu quero enfim crescer, eu quero começar a minha vida de cinema de verdade, já cansei desse ''ensaio'' frustante.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O buraco negro

Chega a ser irracional, de tão racional que o é, mas é real e eu percebo isso quando eu respiro. Não é uma metáfora, eu sinto mesmo um vácuo dentro do tórax, assim perto dos pulmões como se fosse um abismo. São mil e um motivos e ao mesmo tempo nenhum, mas eu acho que só não quero admitir que não há mil motivos, muito menos nenhum, mas que há um, apenas um e as derivações dele, o que assim acaba por multiplicar o motivo por três. Eu só queria saber o quê. E eu só queria paz. E eu só queria parar de me jogar nessa dama de ferro assim sem pensar. E eu só não queria tirar a paz de vocês. E eu só queria que o mundo parasse de rodar, ou que rodasse devagarinho, porque assim eu fico tonta. Eu só queria poder me recostar no cantinho da parede e respirar... sozinha... até isso passar... por favor...

Do diário n°5

Nem ia sair de casa, não tinha a mínima disposição, mas se arrumou e colocou a melhor roupa. Enquanto colocava perfume, imaginou ele lá, como na festa do dia 1° de dezembro. Costumava lembrar disso de vez em quando. 
Quando saiu, nem o viu de cara, mas já na madrugada, viu aquele sorriso sutil, aquele copo de uísque, que ainda não a avistara. Bateu tão forte o coração, lembrou de todas as emoções de uma vez só e não sabia se o cumprimentava, ou não.
''Nunca deixei de fazer nada que eu quis'', pensou. Mas também dizia-se que essa coragem instantânea era efeito da 6ª caipirinha da noite. 
Foi. Conversou. Riu. E pode parecer uma coisa exagerada de se dizer, mas parecia que se jogava em uma moita de espinhos, onde a carne cortava com os arrepios tristes de raiva, por nunca ter sido negada. Então se beijaram. Houve um beijo e ela foi embora.
''Bem, você sabe, teria sido bom se a gente tivesse namorado. Muito bom...'' Não aguentava e sabia que havia sido uma boba pensando que ele iria voltar como eram há 3 meses e iriam ficar juntos. Chegou em casa, tirou o salto e o olho delineado encheu-se de lágrimas. 
A história inventada por ela mesma, a falsa paixão, finalmente tinha um último beijo, um ponto final.